Produtores marajoaras recebendo as certificações |
O
queijo do Marajó é o primeiro produto artesanal do Pará a ter um protocolo de
produção que permitirá sua comercialização em todo o território nacional. O
documento, concluído em dezembro do ano passado, foi entregue para análise e
aprovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em
cerimônia realizada na noite desta quarta-feira, 6, no Hangar Convenções e
Feiras da Amazônia.
O
momento foi considerado histórico pelos queijeiros marajoaras, que há séculos
lutam pela certificação do produto que tem valor histórico, econômico, social e
cultural para a região. O protocolo de produção do queijo do Marajó foi
elaborado por técnicos da Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), Agência
de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) e Serviço Brasileiro de Apoio à
Pequena e Média Empresa (Sebrae). A aprovação do Mapa deverá sair até o fim
deste ano.
O
superintendente federal de Agricultura Andrei Castro recebeu o protocolo e
prometeu entregar nas mãos do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho,
assim que ele retornar de sua viagem ao exterior. Para ele o documento não é
importante apenas para o Pará, mas para o todo o país. “As belezas naturais do
Marajó foram divulgadas recentemente na novela da Globo, agora vamos conhecer a
sua culinária”, disse Andrei.
O
secretário de Estado de Agricultura, Hildegardo Nunes, destacou o ineditismo do
protocolo que foi o projeto piloto no Brasil e será referência para a
regularização da produção artesanal brasileira. Os produtores também
participaram da elaboração do protocolo na base do diálogo e negociação. “É
preciso entender a realidade do mundo rural e mudar as regras estabelecidas
porque a sociedade também mudou”, disse Hildegardo. O secretário lembrou ainda
a influência da decisão política do governador Simão Jatene, que resultou na
aprovação, pela Assembleia Legislativa do Pará, em 2011, da lei estadual que
normatiza a produção artesanal animal e vegetal.
Para
o secretário Especial de Produção, Sydnei Rosa, que representou o governador
Simão Jatene, o produtor tem que saber qual o mercado que ele quer ou pode
atingir. “Temos mercado garantido para a nossa produção e, nesse contexto, a
certificação é importante. Futuramente o governador quer ver o controle social
da produção, mas a iniciativa tem que partir dos produtores”, alertou. Já o
superintendente do Sebrae Pará, Vilson Schubert, destacou a importância do selo
para a autoestima do produtor, que agora terá mais incentivo para legalizar o
seu negócio. “Ele encara o consumidor consciente de que está oferecendo um
produto de qualidade e com isso sabe que vai se firmar no mercado”, destacou.
O
diretor geral da Agência de Defesa Agrocpecuária do Pará (Adepará), Mario
Moreira, e o diretor operacional do órgão, Sálvio Silva, anunciaram a criação
do registro que tira os produtos artesanais da clandestinidade e legaliza a sua
venda em todo o Pará. Para isso os produtores devem se cadastrar na agência de
seus municípios e iniciar o processo de habilitação, que dura cerca de 30 dias.
O primeiro registro foi entregue ao produtor Carlos Augusto Gouveia, da fazenda
Mironga, em Soure, que recebeu o certificado durante a solenidade. Foi feita
também a entrega simbólica de certificados para produtores que fizeram o curso
de Manipulação de Alimentos ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar).
O
queijeiro Wilson Nascimento, de Salvaterra, espera pela aprovação do protocolo
do queijo do Marajó para aumentar as vendas e investir no melhoramento do
rebanho. “Há muito tempo esperamos por esse selo para vender em outras regiões
e expandirmos nossos negócios”, disse o produtor. Para o presidente da
Associação Paraense dos Criadores de Búfalos, Roberto Fonseca, “sair da
clandestinidade era um sonho antigo. Agora vamos lutar pela certificação
geográfica do queijo e a certificação orgânica da carne de búfalo para
alavancar a economia do Marajó”.
Fonte:MOL/Agência Pará
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