segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Energia de Tucuruí vai chegar ao Marajó. MUANÁ, São Sebastião, Chaves e Afuá pode ficar fora dos planos

A Celpa pretende iniciar, em março do ano que vem, a implantação de dois cabos subaquáticos que atravessarão o rio Pará, numa distância de 17 quilômetros, para interligar a sua subestação em Vila do Conde, em Barcarena, ao município de Ponta de Pedras, na ilha do Marajó. Os dois cabos, com carga de 34 mil volts, estarão separados um do outro por uma distância de 200 metros e vão permitir, já na segunda etapa, a complementação do projeto de eletrificação do Marajó com a utilização de energia firme gerada em Tucuruí.
Ao dar a informação, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Rede Energia, Jorge de Queiroz Moraes Júnior, de passagem esta semana por Belém, revelou que a etapa inicial do projeto já está em fase de conclusão e deverá terminar em janeiro do ano que vem. Mobilizando investimentos da ordem de R$ 195 milhões, ela vai levar energia firme para cinco cidades marajoaras – Breves, Curralinho, Portel, Bagre e Melgaço. Juntas, elas representam aproximadamente 50% da carga da ilha do Marajó.
Em Portel, segundo Jorge Queiroz, já foi feita a eletrificação. Para Breves, estão prontas a linha de transmissão e a subestação local. A Celpa só depende de um trecho de dois quilômetros de linha em construção pela Eletronorte, ainda em Tucuruí, e a energização do sistema está programada para o próximo dia 23 de outubro. A linha que vai de Tucuruí até Portel e a que segue de lá para Breves são em 138 kV (138 mil volts). Já as linhas de Curralinho, Bagre e Melgaço têm cargas menores.

O presidente do Grupo Rede disse que o projeto original da segunda etapa, chamado internamente de Marajó 2, contemplava um arranjo diferente. O que se pretendia, disse ele, era a construção de uma linha a partir de Breves ligando em sequência os municípios de Anajás, Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras, Salvaterra e Soure. “Nós íamos ficar com 1.092 km de linha de 138 mil volts. Uma linha radial, sem dupla fonte de alimentação, o que com certeza resultaria em má qualidade do serviço para o Marajó”, acrescentou.
A alternativa estudada pela diretoria do Grupo Rede, e em princípio aprovada pela direção da Eletrobrás, foi exatamente a construção dos cabos subaquáticos, arranjo que vai diminuir o tamanho da linha e reduzir os custos, inicialmente estimados em R$ 258 milhões. Outra vantagem comparativa será a maior confiabilidade do sistema, proporcionada pela dupla alimentação.
Em Ponta de Pedras, a Celpa receberá a energia transmitida por cabos aquáticos em 34 kV e elevará sua carga para 138 kV. De Ponta de Pedras, ela se estenderá, ainda em 138 kV, até os municípios de Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure. De Cachoeira do Arari, uma linha secundária, rebaixada para 34 kV, vai levar energia para Santa Cruz do Arari e Anajás.

MUANÁ, São Sebastião, Chaves e Afuá: fora dos planos
O novo arranjo de engenharia concebido para a eletrificação do Marajó com energia de Tucuruí poderá manter fora do sistema interligado – e portanto abastecidos ainda por termelétricas – quatro municípios marajoaras, todos eles com pequena demanda. Jorge Queiroz declarou haver hoje o entendimento de que é absolutamente inviável, tanto do ponto de vista econômico e ambiental quanto sob o aspecto da qualidade do serviço, construir linhas de transmissão para interligar os municípios de Muaná, São Sebastião da Boa Vista, Chaves e Afuá. Juntas, essas cidades representam menos de 10% da carga do Marajó.
Ele deixou claro que a idéia de excluir os quatro municípios do sistema interligado é apenas uma proposta, e não uma decisão final. Jorge Queiroz lembrou, a propósito, que houve o compromisso do presidente da República – Lula, na época – de eletrificar toda a ilha do Marajó com energia firme. Como o projeto sempre teve e continua tendo um viés político muito forte, ele não descarta por completo a hipótese de acabar prevalecendo o plano inicial, apesar de todas as inconveniências.
Segundo o executivo, uma linha de 34 kV, no meio da mata densa ou cortando extensas áreas pantanosas, estará sempre sujeita a frequentes interrupções. Assim sendo, mesmo que aquelas cidades venham a ser conectadas ao sistema interligado, a Celpa, por questão de prudência, será obrigada a manter lá os geradores termelétricos atualmente em uso. “O que nós estamos propondo é trazer as coisas para o domínio da racionalidade”, aduziu.
Ele reiterou que, para fazer as linhas de transmissão, será necessário fazer uma faixa de 80 metros no meio da mata e, em outros pontos, cortar extensos igapós. Essas obras terão impactos ambientais muito fortes, alto custo financeiro e manutenção difícil e onerosa, tudo isso sem a mínima garantia de qualidade para os serviços a serem oferecidos. Muito melhor, disse ele, será manter os geradores a diesel, que já atendem com folga a demanda atual e que até podem ser reforçados com equipamentos de reserva.
O presidente do Grupo Rede revelou que a Celpa prevê, para este ano, a queima de 131 mil metros cúbicos de diesel no Pará, na operação de geradores que alimentam pequenos e médios sistemas isolados. Desse total, 47 mil deverão ser consumidos no Marajó e 61 mil na calha norte do Amazonas. Quando for concluída a eletrificação do Marajó, em 2012, e a dos municípios da margem esquerda, em 2013, a operação dos motores a diesel no Pará passará a ser irrelevante. Ele imagina que os motores remanescentes não consumirão por ano mais de 20 mil metros cúbicos de diesel. Ainda assim, tenderão a desaparecer com a gradativa integração das áreas isoladas ao sistema interligado da Eletrobrás. (Diário do Pará)

4 comentários:

  1. Hoje, a situação é a seguinte:
    1-Como o projeto oiginal é compromisso do ex-presidente Lula, talvez isso pese na balança.
    2-Não temos representação política de peso para lutar por esse direito, pois o único que lutava por esta causa o Sr. Laércio Pereira não é mais prefeito de SSBV, mas quem sabe seus contatos por Brasilia agilize esse processo.
    4-Na verdade dos quatros municipios em questão, dois são governados pelo PT(SSBV e Chaves), mas de pouco prestígio político.
    3-Uma moblização dos moradores desses quatros municipios seria uma pressão que poderia chamar a atenção da opinião pública, mas...não temos a cultura de união e moblização.

    Querido professor e amigo Tiney, temos que rezar e torcer pelo bom senso dos dirigentes da REDE CELPA, ELETROBRAS E ELETRONORTE.
    Quando o Marajó será prioridade para essa política corrupta que estamos envolvidos?
    Temos que da um basta nisso e se unir em prou da nossa região.
    Desde de já o blog 100% se posiciona contra a mudança do projeto original, e proponho uma mobilização juntos a população, blogueiros, internaltas da dessa região e a todos que se sensibilize por esta causa.

    Abraços

    Daniel Sidonio

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  2. Daniel, vamos assumir essa causa.Conte comigo.

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  3. AMIGOS, É UMA QUESTÃO TÉCNICA, QUE PRECISA MELHOR SER AVALIADA. A PARTE MAIL DIFCIL JÁ FOI CONCLUÍDA. ( PORTEL, BAGRE, MELGAÇO ATÉ BREVES ). OS DEMAIS MUNICÍPIOS TEM EM SUA MAIORIA OS CAMPOS VEJETAIS DO MARAJÓ COM POUCA MATA. PORTANTO SAINDO DE BREVES COM O PROJETO ORIGINAL ENCONTRAREMOS AS MESMAS DIFICULDADES QUE SERÃO ENCONTRADAS COM A MUDANÇA, VINDO DE BARCARENA.
    MAIS CLARO QUE ESSA MUDANÇA SERÁ BEM VINDA, POIS ASSIM SERÁ MAIS BARATA A OBRA, ENTÃO PORQUÊ DEIXAR DE FORA OS DEMAIS MUNÍCIPIOS, QUE EM SUA MAIORIA SERÃO ATENDIDOS POR ÁREA DE CAMPO. E SE O SR. JORGE QUEIROZ DIZ QUE TEM FOLGA DE GERAÇÃO NESSAS USINAS, PORQUE A CELPA DIZ AO CONTRÁRIO. COLOCANDO ISSO COMO MEIO DE IMPEDIMENTO PARA NÃO LIBERAR OBRAS DE ELETIFICAÇÃO RURAL PARA AS COMUNIDADES, PARA ESSE POVO SOFRIDO QUE AGUARDA A CHEGA DA ENERGIA EM SUA RESIDÊNCIA, COMO ESPERA DEUS.
    EU NÃO PARO DE QUESTIONAR ISSO NA CELPA E NA ELETRONORTE, TENHO FEITAS VISITAS CONSTANTES, COM O PREFEITO DE SOURE, PONTA DE PEDRAS, CHAVES E GURUPÁ, PEDINDO O ATENDIMENTO PARA OS RIBEIRINHOS A ZONA RURAL DE CAMPOS, POUCA COISAS TEMOS SENDO ATENDIDOS, MAS QUEREMOS O QUE MERECEMOS. ENTÃO DE UMA FORMA OU DE OUTRA NÃO VAMOS DEIXAR QUE ESSES MUNICÍPIOS FIQUEM DE FORA DESTE PROJETO. PODEM CONTAR COMIGO.

    "BETO SIDONIO" - COORDENADOR DO SETOR ENERGÉTICO DE SOURE E RESPONSÁVEL POR CONSEGUIR OBRAS PARA SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA, MUANÁ,GURUPÁ, SALVATERRA E SOURE.

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